13 dezembro 2014

Sobre Bolsonaro e abaixos assinados.

Todo mundo está ciente do que o deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ) falou no púlpito da Câmara dos Deputados a respeito da colega deputada federal Maria do Rosário (PT-RS). Se não lembras, segue aqui o vídeo:

Então, algumas pessoas na minha TL no twitter repetiu o discurso do apresentador Danilo Gentili, comparando a ofensa que o deputado dirigiu à deputada, ao professor universitário Paulo Ghirardelli que declarou que a jornalista Rachel Sheherazade merecia ser estuprada. Tanto Danilo quanto os ofendidos na minha TL reclamam, chocados, que a imprensa agrediu Bolsonaro e não repercutiu o desejo de que a jornalista fosse violentada.

Bem, antes de tudo, a jornalista declarou que iria processar o professor, que disse que seu perfil foi invadido e enviaram o tweet por ele. Não vou entrar no mérito de que foi ele que declarou isto ou não. Sobre este assunto, só quero dizer que mulher nenhuma merece ser estuprada. Nem a Sheherazade (pela qual nutro conhecido desprezo), nem a deputada Maria do Rosário (que conheço bem pouco). Logo, se ela está ofendida, está no pleno direito de processá-lo.

Agora, vamos ao Bolsonaro. Não é preciso narrar aqui o quanto ele tem prazer na polêmica, e o quanto ele se tornou uma voz para uma ala de extrema direita da população. Reeleito novamente (7o mandato), será deputado até 2018 pelo Rio de Janeiro. Logo, temos uma prova de que carioca, assim como paulista, não sabe votar.

Pensei um pouco ao argumentar com algumas pessoas na minha TL, e tratei de responder. Mas como creio, será difícil resumir tudo em alguns tweets de 140 caracteres, e também a falta de vontade de alguns de dialogar, preferindo a imposição de opiniões, segue meu argumento:

Jair Bolsonaro merece ser punido não pela sua manifestação preconceituosa e machista. Essa posição dele é moralmente inaceitável, mas ainda assim ele tem direito de tê-la, por mais que eu deteste sua fala. A Constituição garante liberdade de expressão, e a melhor frase que define liberdade de expressão foi dita na série Studio 60 On the Sunset Strip:

"Viver com liberdade de expressão significa que, de vez em quando, você vai ser ofendido"
Perfeito. Logo, posso não concordar com o que ele diz, mas ele tem liberdade de dizer isto. Assim como o professor universitário tem liberdade de falar que a jornalista (que para mim é uma bolha de sabão, linda e vazia) merece ser sexualmente violentada.

Mas cada um tem que dar conta dos seus atos. Tenho um amigo que por muito menos do que isso foi processado judicialmente por uma professora, e acho que tudo acabou num acordo - não estou muito a fim de perguntar a ele a respeito disso. Muitos até hoje falam da infeliz piada do comediante Rafinha Bastos (deixem pra lá), e finalmente entendi porque ele até hoje não pediu desculpas em público - mas já conversou com o marido da Wanessa Camargo e fizeram as pazes.

As pessoas tem que estar dispostas a arcar com os seus atos. Assim como acho que o Jair Bolsonaro não deveria ser limitado a expressar sua opinião, pois isso seria tolher a opinião dele. Por mais que eu abomine-a, ele tem esse direito.

Mas aí é que está, o problema não é ele ter falado o que ele falou. O problema foi ele fazer uso da tribuna do Congresso Nacional, que é a casa do povo, para manifestar seu preconceito e desrespeitar uma deputada federal no exercício do seu mandato. E isso faz diferença? Sim, faz toda a diferença. Assim como Rachel Sheherazade fez uso de uma concessão pública (de TV) para cometer apologia ao crime, quando disse entender a ação de jovens de classe média, na Zona Sul do Rio, ao prender um ladrão de bicicletas no poste e torturá-lo.

Caso você não saiba, um cidadão pode dar voz de prisão a um marginal, e contê-lo até a chegada da polícia. Se eles só tivessem contido o ladrão, não haveria nada a reclamar deles. Mas eles partiram para a tortura. Aí é que está errado.

Sou fã do Batman, mas vale lembrar que em Gotham City, o Batman não prende, não mata, ele contém os bandidos e entrega-os à polícia. Mesmo assim, ele é acusado de vigilantismo, e perseguido pela polícia. Nos quadrinhos, quem liga o Bat-sinal nem é o Comissário Gordon, é uma funcionária terceirizada (a Stacy). Ele não pode ser ligado de forma nenhuma ao Cavaleiro das Trevas. Sobre vigilantismo, leia esse texto aqui, com os comentários que estão bem interessantes.

Logo, concluindo: Jair Bolsonaro, como cidadão, merece um processo judicial por calúnia e difamação, e pedido de indenização por danos morais. Mas ele falou como deputado federal, fazendo uso das prerrogativas do cargo, falando da tribuna do Congresso. Logo, ele merece ser punido como tal.

Talvez um abaixo-assinado no Avaaz não funcione,mas no momento em que escrevo, pouco mais de 154 mil pessoas disseram que ele deve ser punido.

E quanto às pessoas que argumentaram contra, nessa lógica binária e rasteira? Só uma palavra a dizer: Cresçam.

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02 outubro 2014

Como ser professor?

Num comentário no Diário do Centro do Mundo (site imperdível, recomendo), me perguntaram sobre como ser professor, lidar com a diversidade em sala de aula, evitar o preconceito, etc. Foi numa matéria onde falou-se de uma menina que foi chamada de macaca pela professora. Daí eu escrevi, e aqui tem a versão editada e melhorada:

Seguem aqui os meus 10 Mandamentos como professor:
  1. Aluno é um indivíduo (por mais que alguns não pareçam), e deve ser respeitado. Se ele é diferente dos outros, isso não é impedimento para o aprendizado. Se há, tente buscar ajuda com a escola. Já tive alunos surdos, com síndrome de Asperger e hiperativos em sala, e você tem que saber como lidar com isso, no meio da coletividade.
  2. Você tem que lidar com a diversidade de alunos em sala de aula ao seu favor. Mas não ressalte diferenças, se você não é preconceituoso, não o seja.
  3. Exercite o sangue-frio. Você irá ouvir as pérolas mais escabrosas vindas das bocas mais puritanas, ou as cretinices maiores advindas das mentes mais vazias. Não se chocar em público (por mais que você queira chorar depois) ajuda muito a entender os alunos e fazer com que eles percebam que você não os discrimina.
  4. Você não está lá para fazer amigos, mas para cumprir o seu trabalho. Se alguns deles tornarem-se seus amigos posteriormente (e já aconteceu comigo), ótimo. Mas não é o seu propósito, ele é o de instruir e ajudar na educação daqueles jovens. Nisso inclui-se alunas que tem por sonho "namorar um professor". Caia fora disso.
  5. Professor tem que se impor em sala, no sentido de ser líder e não ditador. Adolescentes adoram questionar, e se você começar a "cagar regra", vai perder a autoridade rapidamente. Ouça e seja ouvido. Seja sensível para parar a aula para uma conversa que seja útil: sobre estágio, futuro profissional, dúvidas, formação acadêmica ou questões relacionadas a acontecimentos atuais. Isto pode mostrar-se mais valioso do que ditar conteúdo nos ouvidos deles. Muitas vezes eles querem ser ouvidos também.
  6. Aluno é ser humano, e com isso vai tentar torcer o jogo a favor dele. Logo eles tentarão te chocar, com frases e atitudes; alunas se insinuarão lascivamente para você; alunos tentarão rasurar a sua correção para depois pedir revisão de prova; outros irão tentar torcer a prova para extrair, de forma legal, até o último décimo-milésimo ao qual eles tem direito; pela ótica dos alunos, o critério de arredondamento é sempre a favor deles, e nunca o correto; o interminável lamento e solicitação de pontos, choro e ranger de dentes... Fora a maldita cola. Isso tudo faz parte do jogo, principalmente a partir do mês de outubro de todo ano. Se imponha, mas seja justo.
  7. Picareta tem em todo lugar, e tem muito professor que usa a desculpa do salário insatisfatório e falta com atestado médico forjado; anula 2/3 da prova para não ter trabalho de corrigí-la; ignora a prova única aplicada para fazer do seu jeito; distribui pontos a torto e a direito para não ter trabalho; libera o aluno mais cedo somente para ele poder ir embora logo almoçar ou ir para casa ou assumir outro compromisso; ensina nada, deixa os alunos à toa enquanto usa o tempo para resolver problemas pessoais. A lista de cretinices cometidas por professores é interminável. Não se misture com eles. Ande com eles, mas faça bem o seu trabalho. Seu público (os alunos) não tem nada a ver com as suas insatisfações com seu patrão (seja o dono da escola, ou o governo, ou quem quer que seja).
  8. Tenha bom humor, e seja flexível. Já reprovei alunos com dó no coração, porque o sujeito era esforçado mas não tinha nota para passar nem de longe. Mas já empurrei alunos que faltavam pouco para passar. A aluna me agradeceu no ano seguinte e seguiu bem melhor. Ela formou-se e hoje trabalha com um amigo, em outro setor da fundação. E ela ouve de mim a frase quando os visito: "É, esse lugar já foi mais bem-frequentado...".
  9. Uma frase do meu professor de Pedagogia: "Professor tem 2 mochilas: A com material de trabalho e a que estão os seus problemas, dificuldades, insatisfações... Essa fica na porta da sala de aula, e você só pega ela de volta quando sair de lá".
  10. Uma última coisa: você, como professor, impacta vidas. é o exercício de imortalidade que o Rubem Alves fala. E isto não tem preço algum que pague. Tive essa experiência em 2012, quando a mais de 1500 km da minha casa reencontrei um ex-aluno, 13 anos depois. Ele enveredou por um caminho que eu ajudei ele a desbravar. Quase chorei de alegria quando ele me abraçou e disse: "Professor, foi na sua aula que eu tive o primeiro contato! Obrigado!"
Em suma: Dar aula tem um monte de problemas, mas é uma cachaça - Você vicia e não quer largar mais.

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30 maio 2014

Lembram da máxima "O Bradesco me odeia"? Então...

Reinstalei o celular, o aplicativo para geração da chave eletrônica precisa dos códigos de validação. Vou lá, ligo para o Fone Fácil e... Só na agência agora. Antes era possível no telefone. Agora, só na agência.

Ou seja, vou ter que esperar até segunda-feira para fazer a validação, ou então restaurar um backup do meu aparelho que contém o aplicativo ativo, para então poder acessar minha conta.

É o que eu sempre digo: O Bradesco me odeia.

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28 fevereiro 2014

Mensalão para lá, mensalão para cá...

O Ministro Celso de Mello falou que os partidários do PT chamam o STF de Tribunal de Exceção, e criticou-os severamente por isso. Então resolvi fazer uma lista de motivações para explicar por que o STF age como um tribunal de exceção, e coloquei abaixo. Os links são de matérias veiculadas na imprensa, logo recomendo que você, caso duvide, me questione ou não concorde, que leia as matérias relacionadas.

Então vejamos por que o STF foi chamado de tribunal de exceção. Sem ódio ou cor partidária, por favor. Vamos às perguntas:
Véio, na boa... Tem muita coisa errada aí.

Aliás, alguém me explica por quê:
Nota: Não vou entrar nem no mérito das condenações, ou da legalidade (ou não) da AP 470. Só queria que isso me fosse explicado. E não estou fazendo campanha a favor ou contra ninguém. O que eu quero é esclarecimento e principalmente justiça.

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13 fevereiro 2014

Filosofações: Sobre impostos no Brasil

Fiquei matutando sobre o problema do Brasil quanto aos impostos. Confesso que nunca parei muito para pensar nisso, e concluí que nós pagamos muitos impostos para o pouco de retorno que temos, em termos de serviços públicos. Isso é o que revolta a todos. Não é que pagamos muitos impostos. Nós pagamos muito para o pouco que temos em retorno. Novamente, isto é revoltante. E afeta todas as esferas governamentais. Muitos tem a mania de apenas culpar o Governo Federal, mas a maior discrepância (o ICMS) é um imposto estadual.


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10 fevereiro 2014

Por que eu sou "de esquerda"? [Atualizado]

Há alguns anos, eu me defini politicamente como um alinhado ao pensamento dos jacobinos, da Revolução Francesa. Sim, além de canhoto, sou politicamente progressista, ou "de esquerda". Podem queimar meu nome em praça pública, eu deixo.

Mas o que me fez tomar esse alinhamento? Quais são as consequências disso? O que eu acho do comunismo? O que eu acho do capitalismo? Todas essas respostas... Não, não serão na sexta, no Globo Repórter. Serão aí embaixo. Se prepare que ficou longo.

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